Acho que a postagem de hoje é mais reflexão que uma resenha, ou um misto disso. Mas enfim, vim falar de "A hora da estrela", de Clarice Lispector, de 1977.
O livro é narrado por um amante ao seu modo, que avisa que o livro é "pobre" de conteúdo, mas precisava existir, senão corroeria o narrador/autor Rodrigo S. M. Rodrigo é único que assume amar sua personagem, a alagoana Macabéa, porque ela é uma pessoa que só existe, não acrescenta nada ao mundo, não é expressiva. E ele vai contar o cotidiano é a vida dessa nordestina.
Macabéa é uma datilógrafa sem instrução e sem ambição e está à beira de perder o emprego. Não encontra muitos prazeres além de ouvir a estação rádio-relógio e comer romeu e julieta. Ou seja, ela é o típico personagem sem sal. E aí que está a genialidade da coisa.
Clarice Lispector conseguiu nesse livro exaltar a grandiosidade de uma pessoa que não teria nada de grandiosa. Uma ótima forma de dizer que qualquer um pode ser importante e insignificante ao mesmo tempo.
Dificilmente você é notado e lembrado ao andar pelas lotadas avenidas do Centro do Rio de Janeiro ou pegar o metrô ou qualquer outro transporte público. Ou, se alguém é notado, é rapidamente esquecido.
Não temos uma história brilhante contada de um jeito brilhante. "A hora da estrela", na minha concepção, é muito mais reflexivo que impressionante, e talvez seja isso que torna Clarice LIspector um ícone da literatura brasileira.
Eu achei "A hora da estrela" um livro muito bom pela sua objetividade e crueza em retratar o que qualquer escritor, inclusive eu, tentaria florear e tornar bonito. Na verdade, as 87 páginas foram necessárias para relatar, como eu já disse, a grandiosidade de cada um.
Agroa preciso ler mais Clarice. Se fizerem o favor de dizerem qual devo comprar, vou agradecer, afinal, clássico tem algum motivo para ser clássico.
Até segunda!
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