segunda-feira, 22 de agosto de 2016

É um pouquinho de Brasil, Iaiá

Música e literatura têm tudo a ver e disso todos nós sabemos. E, no Brasil, a nosso cultura musical ajuda muito representar nossa história. A produção musical durante a Ditadura Civil-Militar e período de redemocratização dá o tom sombrio e escrachado, respectivamente, da História Brasileira, por exemplo. Já fiz uma tag do Cazuza e uma de trilha sonora pra casais literários.
Hoje eu vim recomendar sete cantores que marcaram época e ainda tocam nas playlists de muitos porque atemporalidade é o que há!

Isso não é exatamente um ranking embora tenha uma sequência plástica (?)

1 - Lulu Santos

Não é à toa que ele é um dos jurados/técnicos do The Voice Brasil. A voz é maravilhosa, mas as músicas são daquele tipo que toca na alma e outras que traz aquelas críticas que são necessárias.
As principais músicas dele são Tempos Modernos (já foi abertura da Malhação), Toda forma de Amor, Como uma onda no Mar, Assim caminha a humanidade e Quando um certo alguém (regravação com a Banda Suricato que eu amo).

2 - Clara Nunes

Ela foi uma enorme cantora do século passado e infelizmente ela morreu em 1983, ou seja, eu não a conheci mesmo. Na verdade, só é dois dessa lista está vivo hoje.
Graças à maravilhosa Mariene de Castro, eu tive a oportunidade de conhecer a dessa "mineira guerreira filha de Ogum com Iansã".
Aqui eu recomendo Canto das Três Raças, que é de arrepiar, Morena de Angola, Feira de Mangaio, Guerreira. Soma a essa lista Um ser de luz, composta por João Nogueira para ela, depois de sua morte. Salve a Claridade!

3 - Luiz Gonzaga

Considerado o Rei do Baião, Luiz Gonzaga foi o símbolo do Nordeste e do sertão. Morreu em 1989, mas sua vida foi contada no filme, e, em seguida, na minissérie,  "Gonzaga: De pai para filho", que consequentemente conta a história de seu filho e também cantor e compositor Gonzaguinha.
Todo mundo que tenta tocar algum instrumento começa com Asa Branca provavelmente. Qui nem jiló, Olha pro céu e A vida do Viajante e outras músicas que embalaram as festas juninas já marcaram a nossa passagem pela escola.

4 - Cartola

Ídolo da Estação Primeira de Mangueira daqui do Rio de Janeiro, Angenor de Oliveira, mesmo tendo parado de estudar no primário, se tornou um compositor de belas palavras Bate outra vez a esperança no meu coração, pois já vai terminando o verão enfim. Morreu em 1980 com 72 anos e deixou um legado eterno para o samba.
Não tem como não se emocionar ouvindo O mundo é um moinho e As rosas não falam. Mas também cantou Alvorada  e Senhora Tentação que vêm sendo regravadas anos após anos.

5 - Gilberto Gil

Dono de dois Grammy Latina e de dois Grammy Awards, o baiano já foi Ministro da Cultura e fez parte da nossa produção cultural durante a Ditadura e dos fundadores da Tropicália junto com Caetano Veloso, movimento que mudou o significado de música no Brasil.

Uma das minhas maiores epifanias foi descobrir que Aquele abraço foi escrita quando Gil estava preso em Realengo durante a Ditadura. A versão de Woman no cry, Não chores mais, é bem tocante. Acrescente à lista Drão, Palco, Toda menina baiana, Andar com fé e Expresso 2222.

6 - Gonzaguinha

Já falei do pai, agora vou falar do filho. O sucesso do filho foi enorme, mesmo com relação conturbada com o pai. Gonzaguinha compôs 72 canções e 54 foram censuradas já que ele se posicionava abertamente contra os ditadores brasileiros. Morreu em 1991, mais de seis anos antes do meu nascimento.
É de arrepiar em qualquer circunstância quando se ouve Sangrando e nos causa revolta quando ouvimos É ou Comportamento Geral procurem a interpretação do Crioulo no Prêmio da Música Brasileira desse ano. O que é, o que é? faz muita gente sambar. Recado, Eu apenas queria que você soubesse e Vamos à luta são músicas que só engrandecem sua lista.

7 - Elis Regina

A  Pimentinha! Uma das coisas que mais me impressiona na Elis é a sua interpretação para cada música. Sempre fui fã da Maria Rita e, quando fui pesquisar sobre a mãe dela, eu ouvia várias músicas e achava que cada uma era cantada por pessoas diferentes.
Elis não era compositora, mas eternizou Como nossos pais, O bêbado e o equilibrista um tiro na Ditadura Militar, Alô!Alô, Marciano!, Fascinação, Redescobrir (essas duas do Gonzaguinha) e Arrastão, músicas que Maria Rita juntou no DVD Redescobrir que homenageia a mãe com maestria. Dia 13 de outubro lança o filme Elis. Quem interpretará esse ícone será Andreia Horta que está caracterizada lindamente.

Resumindo, procurem por Lulu Santos, Clara Nunes, Luiz Gonzaga, Cartola, Gilberto Gil, Gonzaguinha e Elis Regina. Mas percebam que eu também citei Banda Suricato, Mariene de Castro, João Nogueira, Caetano Veloso e Maria Rita.
Pega o Spotify e começa a procurar tudo e todos. Espero que gostem.
Até segunda que vem!

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Esquadrão Suicida

I'm not gonna kill you. I'm gonna hurt you really, really bad - Coringa, Esquadrão Suicida

Aproveitando o clima de férias que a Olimpíada Rio 2016 proporciona aqui na cidade, eu fui assistir 130 minutos de Esquadrão Suicida, filme dirigido e roteirizado por David Ayer e adaptado dos quadrinhos da DC Comics pela Warner.
Nesse filme, a gente acompanha uma continuação de Batman VS Superman - A Origem da Justiça. Agora sem heróis para defender o mundo, a inescrupulosa Amanda Waller (Viola Davis) convence o governo e os militares a criar um grupo de heróis que, na verdade, é formado por super-vilões da DC. Assim, se tudo der errado, a culpa será dessas aberrações vis.
O Esquadrão Suicida de Amanda Waller é formado por Arlequina (Margot Robbie), Pistoleiro (Will Smith), Capitão Bumerangue (Jai Courtney), Crocodilo (Adewale Akinnuoye-Agbaje), El Diablo (Jay Hernandez), Katana (Karen Fukuhara), Amarra (Adam Beach) e Rick Flag (Joel Kinnaman). As personagens vão atrás de um que elas mesmas não sabem quem é ou o que é.
Acho que seria bom dizer que é um filme formado por bons atores e personagens, porém o enredo fraco deixa a narrativa estranha, para não dizer confusa.
O início e o desenvolvimento parecem um filme maravilhoso até que surge o vilão do filme que é um tiro no verossimilhança, talvez. Acho que seria muito melhor que o Coringa (Jared Leto) fosse o vilão da história. Em vez disso, o palhaço me aparentou um personagem quase descartável. Não dá para avaliar se ele é melhor ou pior que os outros porque ele simplesmente não tem tempo de tela suficiente.
Enquanto nós esperávamos a excepcional presença de Jared Leto, os espectadores viam a maravilha que Viola Davis apresentava com a fria Amanda Waller que conseguia ser mais cruel que os próprios vilões que cercavam-na. Will Smith, Margot Robbie, Joel Kinnaman e Jay Hernandez levantam a bandeira de duas criaturas muito bem, embora eu ache que amizade seja uma palavra muito forte para definir a relação entre eles.

O filme entretem com a trilha-sonora "animada" e com suas tentativas de alívio cômico dando um tom sádico à narrativa. Ao mesmo tempo tenta humanizar personagens que chamam atenção por beirarem  inumano. Uma tentativa com poucos sucessos porque os melhores momentos da Arlequina, por exemplo, é a felicidade psicopata dela, mas Will Smith e Jay Hernandez convencem da suas qualidades humanas
.
Finalizando, é um filme com personagens bons, mas com um vilão que não provoca nenhuma emoção no espectador. Tem um trailer espetacular que promete o que não tem. Mas convence como continuação do universo expandido da DC.

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Resenha de "Vocação para o Mal"

Baby, I'm preying on you tonight
Hunt you down, eat you alive
Just like animals - Animals, Marron 5
Desculpe se eu não peguei um trecho do livro, ainda mais um livro com tantas referências musicais, mas eu ouvi essa música do Marron 5 jogando lyricstraining.com e não senti uma música tão representativa quanto Animals. Já adianto: que livro maravilhoso!
JK Rowling, ou Robert Galbraith, nos brinda com mais uma vez com um apoteótico livro policial como dois anteriores envolvendo os detetives Cormoran Strike e Robin Ellacott e um crime hediondo.
Enquanto Robin se prepara para o casamento, recebe uma encomenda que revira o seu estômago no lugar dos itens do casório. Uma perna feminina amputada chega ao escritório de Corm e estremece a estrutura financeira e emocional da dupla.
O intrigante caso vai reviver o passado de Strike desde quando vivia com sua mãe e sua irmã até a sua carreira militar. Tal qual o chefe, o caráter misógino de cada suspeito ressuscita angústias de Robin. Até onde o seu passado afeta a chegada a conclusões precisas?
Depois de aguardar tanto o lançamento no Brasil, receber esse livro em mãos é gratificante. O estilo bruto com o qual esse livro é escrito mostra o distanciamento da escritora de Harry Potter para o autor de Vocação para o Mal. Os dois livros anteriores de Robert Galbraith não eram de todo pesado, apesar da brutalidade do assassinato de Owen Quine, mas nesse livro Rowling abandona um pouco da sutileza e usa palavras e cenas bem duras.
Vocação para o Mal retrata com maestria mórbida casos de misoginia e machismo. Todos os suspeitos ultrapassam o limite do nojento no assunto e Galbraith soube mostrar com crueldade que o machismo é tão arraigado que é muito fácil mudar culpado e vítima de lugar e que a impunidade, quando se trata desse assunto, ainda existe. É medonho.
Em contrapartida a tudo isso tem a exaltação de Robin. Meu Deus, Robin Ellacott supriu toda a nossa expectativa quanto a protagonismo. Pela primeira vez, pode-se dizer que o livro é do Cormoran e da Robin, enquanto, em O Chamado do Cuco e O Bicho-da-Seda, o Cormoran era o dono de quase toda a dedução e conclusões e entrevista. Vocação para o Mal chegou para dizer que a série é dos dois personagens e estou muito ansioso para ver o desempenho dela nos próximos volumes.

A narrativa desesperançosa de Robert cria personagens maravilhosos e eleva os já existentes. Robin e Corm nunca estiveram em tão boa forma, encaixados na ação. Como o caso tem a ver com eles, a história não se passa como nos outros que eles eram só observadores. Wardle e Shanker são bons coadjuvantes e Matthew está mais insuportável que antes. Achei que nesse eu ia dar adeus ao pulha, mas ele resiste.
Como sempre, JK Rowling me fez de idiota no final do livro. Não era tão difícil acertar o criminoso desse romance porque eram só três, mas o final deu tanto nó em mim que em poucos capítulos eu tive certeza de cada um deles. Eu estava com uma certeza tão grande que eu levei um tapa que resolvi aceitar a conclusão magistral proposta. Só levantei e aplaudi de pé a solução de Cormoran.
Acho que surge uma série clássica da literatura policial. Denmark Street é agora meu objetivo em Londres, quando eu for para Londres.
Até segunda!

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Resenha de "Cat Among the Pigeons"

Quem me acompanha no SnapChat teteuvinicius viu que eu terminei de ler meu primeiro livro em inglês Cat Among the Pigeons, da Rainha do Crime Agatha Christie.

Esse é o segundo livro da Agatha que leio esse ano e a escrita dela não decepciona em nenhum segundo. Eu realmente achei que ler em outra língua ia me matar de tédio, que eu não ia terminar esse ano essa leitura, mas a escrita da autora britânica é absurdamente contagiante.
Para quem não leu a postagem de três semanas atrás eu vou contar resumidamente como é a premissa.
Numa escola superconcorrida da Inglaterra, começa o novo trimestre de estudos e parece que vai ser o melhor ano de Meadowbank até que rola o assassinato de uma das professoras e a partir desse evento a escola dos sonhos de Miss Bulstrode não será mais a mesma.
A trama se desenvolve a la Mansão Hollow, ou seja, todos os personagens são apresentados antes da cena do crime, então você já odeia e ama algumas personagens até que você chega ao crime carregado de julgamentos.
Além disso, o caso vai ser iniciado pelo inspetor Kelsey até que faltem menos de 100 páginas quando o famoso detetive particular Hercule Poirot aparece para desvendar o intricado crime.
Ao contrário de Mansão Hollow, eu não achei o crime muito inteligente embora o assassino o seja. Na verdade, foi algo mais esperteza que de inteligência. As soluções foram maravilhosas como eu esperava vindo de Agatha Christie.
Os três últimos capítulos eram inseparáveis. Eu queria ter tirado um dia para eles e terminar no mesmo dia.

Bonus time (Jout Jout, beijos):

Sobre ler em inglês:
A primeira dica que eu tenho aqui é ler alguma coisa do seu universo. Eu tenho aqui em casa a trilogia Senhor dos Anéis em inglês e tinha esse que peguei na escola, logo busque o seu universo. Não é hora de ser diferentão e ler algo que você nunca leu na vida.
A segunda dica é insistir. Claro que o início vai ser demorado, porque em qualquer livro é, mas, em inglês, a extensão parece maior. Por isso, um livro policial é uma boa escolha. Mas, Matheus, você não acabou de dizer que tem que ler algo do meu universo? Sim! No caso de Cat Among the Pigeons já tinha rolado um crime pela página 40. Então por mais demorado que seja você já se pega num fato importante.
A terceira dica, nem mais nem menos importante, é: tenha um dicionário por perto, mas não tão perto. Na primeira vez que tentei ler esse livro, eu peguei um dicionário e coloquei do meu lado. Como estou falando da segunda tentativa, viram que a primeira não deu certo. Ou seja, tenha um no celular. Muitos dicionários não pegam fora de área, inclusive o Google Tradutor. Nem todas as palavras você precisa saber naquela hora. Você pode chegar em um lugar com wi-fi e pesquisar a palavra tão desejada.
Resumindo: leia algo do seu universo, insista e abandone, mas nem tanto, o dicionário. E, claro, leia Um gato entre os Pombos, de Agatha Christie. Garanto que vão adorar.
Até segunda que vem!