Eles nunca foram crianças. Eles nasceram no mundo adulto. E mais; eles sobreviveram a ele até hoje. E, agora, pela primeira vez, estão ganhando em sentido de unidade. Um sentido que torturador algum conseguirá tirar deles. - Dragões de Éter - Corações-de-Neve, p. 283
Eu sei que a resenha do primeiro livro não pertence a esse blog, então a gente precisa lembrar um pouco sobre Dragões de Éter - Caçadores de Bruxas. Na estreia de Raphael Draccon, é inaugurado o universo de Nova Ether onde vivem os contos-de-fada e tem como protagonistas João e Maria e Chapeuzinho Vermelho. Depois da Caça às Bruxas, o reino de Arzallum de Primo Branford está sob ameaça de um ataque pirata e as bruxas querem voltar à ação.
Agora que vocês já sabem da temática do primeiro volume, vamos resenhar o segundo. Spoilers de Caçadores de Bruxas estão por sua conta em risco a partir de agora.
Após seis meses da morte de Primo Branford, Anísio assume o trono de Arzallum e começa a gerar atritos por Nova Ether. Enquanto isso, seu irmão e príncipe Axel está se preparando para lutar no Punho de Ferro, em Andreane. Nesse contexto, Snail Galford e Liriel Gabianni começam a reunir órfãos para lutar por um motivo maior.
Arianne Narin começa o seu treinamento de bruxa com Madame Viotti e sua mãe e avança na sua relação com João. Maria e seu irmão passam por situações pesadas envolvendo seu pai e envolvendo segredos.
O mais interessante nesse livro é a evolução de cada personagem central. Arianne segue a linha do primeiro livro agora descobrindo e evoluindo seus poderes com sua acidez, língua afiada. Não conheço personagem como ela. Maria agora é professora da Escola do Real Saber e está descobrindo o lado duro da paixão, mas, ao mesmo tempo, mostra uma força incrível para segurar as rédeas na casa dos Hanson. João força a sua própria independência e é o personagem com uma curva dramática muito bem construída. Temi muito por esse menino.
Enquanto eu lia, achava que ia perder meu Snail para um lado ruim, mas esse cara sempre surpreende e continuo a amá-lo. O mesmo aconteceu com Anísio, mas de um jeito diferente, porque ainda não sei o que achar do rei. Ele tem momentos rudes, doces, é engessado, o extremo oposto de Axel que é super natural, assim como Branca. A princesa tem um texto que flui muito bem.
O narrador, que era o evento à parte o primeiro livro, está mais retraído. Ele conversa muito menos com o leitor com o do primeiro, mas ele continua a arrepiar nos momentos certos. Raphael Draccon é um ótimo bardo.
Esse livro é mais ensandecido em questão de referências. A cada lado que você olha, tem um personagem dando um tapa na sua cara dizendo que ele é um conhecido seu de longa data. Às vezes são rudes e podem parecer desnecessárias, outras você fica QUE? e querendo saber qual vai ser a função deles.
O livro parece às vezes machista, mas as personagens femininas se impõem o que me leva a crer que que é interferência do narrador que é quase um ser humano. Parabéns ao Draccon pela construção da Branca e da Bradamante.
Raphael Draccon mostra mais uma vez a força da fantasia brasileira, que hoje tem muitos representantes bons.
Também foi confirmado, enquanto lia, o 4º livro da saga. Se quiser embarcar nessa tour comigo então só fechar os olhos e segurar a minha mão. Vamos em 3... 2.. 1.
Até a próxima!