EVANDRO: Madalena morreu, eu não escolhi sofrer!
CAROLINA: Ah, mas você escolhe se vai continuar sofrendo todo dia - Sob Pressão, S1E02
Precisamos falar sobre Sob Pressão, série que nos deixou terça retrasada. Chamada por essa internet de Grey's Anatomy Brasileira, a série acertou muito, mas peca também. Vamos fazer um apelo à Globo para colocar roteiristas que acertem a mão, por favor.
Sob Pressão é uma série médica de nove episódios dirigida por Andrucha Waddington, criada por Luiz Noronha, Claudio Torres e Renato e roteiriza por Jorge Furtado. Além disso, o elenco conta com Julio Andrade, Marjorie Estiano e Stepan Necerssian e vários convidados ilustres como o já citado no primeiro post Monarco, mas também Paulo Miklos e Luis Mello.
A série segue o esquema casos do dia e a história pessoal do Evandro (Julio Andrade) e Carolina (Marjorie Estiano). Aí está o primeiro trunfo e o primeiro erro. Os dois personagens são otimamente interpretados, mas não existe tempo na grade para o desenvolvimento de dois casos e personagens, mais os coadjuvantes que não são poucos. Isso aponta para um erro de estruturação.
Após a morte da esposa, Madalena (Natália Lage), Evandro começa um quadro de depressão e se automedica e, nesse período de um ano, a ex-sogra resolve pô-lo na Justiça culpando-o pela morte da filha. Enquanto isso, Carolina revive fantasmas do passado relacionado a abusos familiares. Esse turbillhão de emoções acontecem num mundo caótico do sistema de saúde carioca, com falta de instrumentos, medicamentos e corrupção.
Os destaques entre os coadjuvantes são Stepan Necerssian, Orã Figueiredo e Carla Ribas. O personagem do Stepan, o diretor Samuel, não é tão profundo, mas é responsável por cenas muito boas sobre corrupção e fica entre o inconformado e cúmplice, dá para ver que ele não está confortável com as situações impostas. Orã Figueiredo é o alívio cômico representando um triângulo amoroso ou poligamia que é um personagem com mais desenvolvimento. Carla Ribas interpretou a ex-sogra do Evandro, intragável, ressentida, odiei a personagem a cada cena, mas é interessante ver que aquela mulher intransponível teria um pouco de empatia.
Ao longo dos nove episódios houve arcos sem sentido como o da Jaqueline (Heloisa Jorge) e Kelly (Talita Castro). Além de serem objetificadas, o histórico delas não foi aprofundado e, para elas estarem ali, elas devem ser boas atrizes. Um arco que surgiu do nada aparentemente é o arco do Rafael (Tatsu Carvalho); não dá nem para odiar o homem que foi figurante da própria história. Mas gostei bastante do episódio que teve residente Charles (Pablo Sanábio) protagonizando o tratamento de uma congolesa traficada.
Sob Pressão acerta muito nas temáticas que se propõe tratar. AIDS, abusos sexuais, violência doméstica, suicídio, tráfico de pessoas, doenças graves.
Com a segunda temporada confirmada e com 12 episódios, espero por uma história mais profunda ainda. A primeira temporada está disponível na Globo Play. Vale muito a pena assistir, por favor. É um choque de realidade fortíssimo!
Até a próxima!
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