"Em Qohor é a Cabra Preta; em Yi Ti, o Leão da Noite; em Westeros, o Estranho. Mas, no final, todos os homens têm de se submeter a Ele. [...] Toda a humanidade lhe pertence[...] Conhece um povo que viva para sempre?" - O Homem Amável
Depois de tentativas fracassadas de ler outros livros fora do universo de Westeros, o primeiro livro começado e terminado em 2016 foi "O Festim dos Corvos", o quarto livro de "As Crônicas de Gelo e Fogo", de George R R Martin.
Já que Martin fez questão de dividir a seu quarto livro em dois, "O Festim dos Corvos" e "A Dança dos Dragões", encontramos uma divisão diferente de narrativa. Enquanto você esperava que o autor dividisse ao meio com um "To be continued", ele prefere dividir por localidade e encerrar o arco narrativo de certos personagens.
Nesse volume, acompanhamos principalmente Cersei, Brienne e Jaime. Ou seja, temos muito Porto Real e muita descrição. Mas também temos Pyke, com Asha, Victarion e Aeron Greyjoy que está em colapso devido à morte de Balon Greyjoy, Rei das Ilhas de Ferro. Temos Dorne, com Areo Hotah, Arianne Martell e Aerys Oakheart, cobrando vingança pela morte do Príncipe Oberyn. E, por fim, temos Bravos, com Arya e Sam, e Ninho da Águia com Sansa/Alayne.
Mas, sem Dany, Tyrion e Jon, a história continua boa? Massante, mas muito boa.
Se você gosta de jogos políticos os capítulos da Cersei está repleto. Com a morte de Joffrey, Cersei assume o cargo de Rainha Regente da melhor forma possível, já que Tommen tem só 9 anos e Tywin está morto. O probleminha aqui é que Margaery, a pequena rainha, ameaça todo poderio de Cersei, mas só na visão da Regente. E assim Cersei vai se cercar de leais incompetentes e afastar os Tyrell de perto de si, para assegurar toda Coroa na sua mão. Só que, quando você se preocupa com pouco, algo grande está sendo criado do outro lado.
Jaime está tendo vários conflitos internos devido à morte Tywin, devido à infidelidade de Cersei quem confia nessa mulher?, à infidelidade de Tyrion, às promessas feitas a Catelyn e ás promessas que Brienne fez a ele e sua ausência de mão.
Brienne está a procura da Senhora Sansa Stark, já que a pequena Arya não deveria estar viva. E com ela vamos ver o que a guerra deixou, ou não, para trás.
Sansa e Mindinho estão tentando se equilibrar em Ninho da Águia após a morte de Lysa, enquanto Petyr ensina à Stark a mentir. E, ao mesmo tempo, Arya também terá de aprender a mentir em Bravos para se desapegar de sua antiga identidade.
Jon envia Sam, Aemon, Dareon e Goiva para Vilavelha a fim de evitar problemas com Stannis e Melisandre. Afinal, a noite é escura e cheia de horrores.
Pelo que eu descrevi vocês perceberam um coisa: esse livro é um verdadeiro festim dos corvos. Com Tywin, Joffrey, Balon, Oberyn, Robb, Catelyn, Cão de Caça e Lysa mortos, só resta aos corvos dividirem o legado, mas dividir não é algo plausível em Westeros. Os corvos nesse livro vão se bicar até conseguir o seu quinhão.
O que eu adorei nesse livro foi ver que Cersei e Jaime estão lutando para se tornar o novo Tywin Lannister, mas ambas as tentativas são fracassadas, porque o verdadeiro filho de Tywin é o nosso adorável anão.
E o que impressiona é impressiona é o choque cultural nesse universo de Gelo e Fogo. Dorne, Pyke e Bravos são gloriosos contrastes na Fé dos Sete, que também mostra suas peculiaridades nesse livro. Acho que a religião nunca foi tão explorada antes nos três anteriores.
A avaliação final é que temos um livro massante embora seja o menor dos cinco, mas com finais que quase me fizeram gritar de felicidade. E notem: o Inverno está chegando!