segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Crie um mundo e depois o destrua! - A Guerra da Fúria Atormentada

"Diz-se que o diabo está nos detalhes.
Um livro deste tamanho tem muitos diabos, e cada um deles morderá o autor se ele não tiver cuidado. Felizmente, conheço muitos anjos." - George R. R. Martin.

Tem spoiler sobre os três primeiros livros da saga "As Crônicas de Gelo e Fogo"
Se o diabo está nos detalhes, George Martin se sentiu tentado em ser mordido por eles, porque já provamos que o autor tem uma narrativa altamente descritiva, com presente e passado até as paredes tem história.
Além de Martin estar atolado em verdades criadas por ele em Westeros e afins, ele se utiliza de um artifício que deixa os tais espíritos malignos pirarem  quando armam o bote. Existem os amados point-of-view (POV).
O POV's, ou PDV's, são o melhor artifício de se alterar a história que foi criada. A partir daí se lança uma luz sobre meias-verdades que o leitor toma por verdades concretas e o faz se desesperar, embora, páginas ou livros depois, toda a sua história se liquefez.
Além disso, o método de PDV se adéqua melhor do que o narrador personagem. O narrador em 3ª pessoa seletiva ajuda leitor a se situar no mundo em que o personagem está, consegue ir ao sétimo grau de parentesco dele e voltar para falar como está o bolo de limão. O que eu quero dizer é que quando o Martin usa esse narrador ele consegue ter a falta de certeza de um narrador em primeira pessoa e ter também a imersão de um narrador onisciente, mas ambos podem deixar de te contar qualquer coisa que a priori não é importante.
Os plots twists que Martin dá faz com que você não consiga negar o que acontece, porque na verdade você não sabia mesmo. Ninguém estava na cabeça do Joffrey, do Mindinho ou Robb, para saber o que estava acontecendo a partir dos olhos deles. Enquanto isso, estávamos acompanhando Eddard, Sansa e Catelyn, tirando o fato que o tipo de narrativa não garante que a personagem POV se manterá a salvo até o final, o que Veronica Roth já provou ser bem difícil fazer quado o narrador é em primeira pessoa.
A escolha que Martin faz a narrativa ser sólida, porém instável. O que são rumores parecem notícias e notícias parecem rumores. E um exemplo disso é desmantelamento da máscara do Mindinho. Martin através dos olhos "portorrealenses" sempre aponta Mindinho como um personagem não confiável, e ele prova isso no final de "A Tormenta de Espadas", quando ele mata Joffrey, mas teoricamente estava indo para Ninho da Águia.

Acho que os diabos vão demorar a morder nosso assassino autor amado. Até segunda que vem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário