Lembrem-se de Cedrico Digorry. Lembrem-se, se chegar a hora de terem de escolher entre o que é certo e o que é fácil, lembrem-se do que aconteceu com um rapaz que era bom, generoso e corajoso porque ele cruzou o caminho de Lorde Voldemort. Lembrem-se de Cedrico Digorry. - Harry Potter e o Cálice de Fogo, p.527
Acho que já desisti de encontrar elogios para JK Rowling e sua genialidade. Em O Cálice de Fogo, o mundo mágico escrito de Rowling se expande muito, tanto em linha temporal quanto em espaço físico. A gente conhece o Ministério e os mecanismos dele mais de perto. Assim como chegamos a conhecer mais outras duas instituições educacionais, a Beauxbatons e a Durmstrang. E, soma-se a isso, a imprensa e seus sujos bastidores através de Rita Skeeter.
Além do crescimento do universo, a autora toca no assunto de grande importância que é a escravidão, que ali é representado pelo conflito de ideais de Dobby e Winky. Do mesmo modo, Harry Potter e o Cálice de Fogo lança uma luz sobre a afirmação de auto-estima e identidade que tange Hagrid, Hermione, Dobby, Rony, Fred e Jorge e também Harry Potter, que elucidam o fato de que mais importa o que as pessoas se tornam do que a origem de nascimento. Mas o quarto livro também é o livro mais violento até aqui e é esse assunto que vai nortear o post de hoje.
Ao longo desses quatro livros, JK Rowling cerca-nos de assuntos pesados como bullying, solidão, baixa auto-estima, terror, injustiça, tudo isso passando pelo tema "morte" que ganha forma maior nesse livro, incluindo a sua forma real, não é mesmo?
Acompanhando o "padrão Harry Potter", o ano está para começar, todos esperam um ano tranquilo, mas algo acontece em Hogwarts e/com Harry que arrasta a tensão que vai reger o livro. Pela primeira vez Potter é atacado abertamente sendo posto dentro do Torneio Tribruxo. Mesmo que o objetivo de quem o pôs ali não fosse expressamente matá-lo, as provas do torneio eram bem cruéis. Desde enfrentar dragões a salvar reféns submersos e lutar contra explosivins.
O livro termina com o renascimento do mal, Voldemort, e de seus Comensais da Morte, mais morte de um personagem e tortura de outro, tendo como saldo final uma bandeira de luto em vez de uma bandeira da casa vencedora e vozes embargadas. É o primeiro livro que claramente a gente vê quem está deste e do outro lado.
Nesse livro, a gente percebe também como uma instituição de ensino pode ser capaz de ditar uma mudança na sociedade ao seu redor. E é nesse ponto que os leitores entendem que o primeiro passo é organizar a resistência. A partir disso, é possível o leitor enquanto criança criar o próprio filtro e notar que ninguém merece e deve estar passível da violência.
De uma maneira ou de outra a violência está enraigada na vida real. É comum lermos ou assistirmos várias notícias sobre tiroteio, roubos, assédio, e, quando a criança assiste isso, ela não é capaz de filtrar toda aquela enxurrada de informações significa. Um filme ou um livro tentam explicar isso, mas é bom que todo assunto passe pelo filtro dos pais.
Com o avanço da civilização, o tempo parece encurtar. Parece que não tem espaço para lazer e, no espaço que tem, os pais não se apresentam dispostos a se divertir e discutir certos assuntos com os filhos (vide Bartô Jr.). O pior que esses pais tendem a por culpa de alguns tipos de violência em livros, filmes e jogos e não na sociedade suja que molda nosso mundo real.
Para as crianças e jovens, um mundo fantástico onde personagens organizam a resistência contra o mal e o enfrentam de frente o grande vilão é mais esperançoso. É muito bom para esses futuros adultos criarem seus próprios heróis que simbolizam, de algum modo, paz e ordem. A literatura infanto-juvenil cumpre seu papel quando desperta dentro de um jovem alguma virtude e algum ensinamento de maneira muito didática e sutil.
Nos quatro livros lidos, JK Rowling perpetua sutileza e genialidade em passar discussões, informações, assim como criar um solução para o caso do livro (O que está escondido em Hogwarts? Onde está a Câmara Secreta? Cadê Sirius Black? Quem colocou o nome do Harry no Cálice?).
Que Rowling continue escrevendo pelo resto da vida.
Até segunda! E até Harry Potter e a Ordem da Fênix.
Para as crianças e jovens, um mundo fantástico onde personagens organizam a resistência contra o mal e o enfrentam de frente o grande vilão é mais esperançoso. É muito bom para esses futuros adultos criarem seus próprios heróis que simbolizam, de algum modo, paz e ordem. A literatura infanto-juvenil cumpre seu papel quando desperta dentro de um jovem alguma virtude e algum ensinamento de maneira muito didática e sutil.
Nos quatro livros lidos, JK Rowling perpetua sutileza e genialidade em passar discussões, informações, assim como criar um solução para o caso do livro (O que está escondido em Hogwarts? Onde está a Câmara Secreta? Cadê Sirius Black? Quem colocou o nome do Harry no Cálice?).
Que Rowling continue escrevendo pelo resto da vida.
Até segunda! E até Harry Potter e a Ordem da Fênix.
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