segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Resenha de "Sonho Febril", de George R. R. Martin

I have dream!, diria Martin Luther King. Eu diria: I have a dream, Fevre Dream!
Depois dessa piada horrível, vamos ao texto. "Sonho Febril" foi escrito por por George R. R. Martin, mesmo autor de "As Crônicas de Gelo e Fogo", consagrada no nosso coração. O livro foi publicado em 1982, mas só chegou no Brasil a pouco tempo, nesse ano, e eu comprei na Bienal 2015 aliás, clique aqui para ir ver minhas compras.

A narrativa se passa em 1857, no Mississippi, quando Abner Marsh recebe uma proposta. Abner é um homem do rio e dono de uma empresa de vapores que acaba de ter três de seus melhores barcos destroçados pela última geleira do rio. Em meio ao caos existente na vida de Marsh, surge Joshua York, um misterioso aristocrata pálido e persuasivo, com uma proposta atrativa para o barqueiro. Joshua propõe uma sociedade com Abner, um novo barco e dinheiro, incluindo no contrato que o homem do rio não perguntasse nada sobre seus hábitos noturnos e seus pedidos. Meses depois, o luxuoso Fevre Dream estava funcionando no cais em St. Louis.
Perto de New Orleans, nós conhecemos Sour Billy Tipton, um humano, e um grupo de "vampiros" liderados por Damon Julian, o vampiro mais antigo e mais sanguinário entre todos. Após ficarem muito tempo no mesmo lugar, cresce o medo entre os vampiros e Damon Julian começará a expulsar as pessoas da antiga fazenda em que moram.
George Martin mostrou que, em 1982, ele já manjava de coordenar personagens, criá-los e desenvolvê-las com a mesma excelência que ele mostraria em 1996, em "A Guerra dos Tronos", com Daenerys, Arya e Tyrion. Eu me apeguei demais ao Joshua e ao Abner. Sofria com eles, ria com eles, me sentia apreensivo.
E apreensão era o sentimento predominou em mim lendo. Damon Julian e Sour Billy foram uma pavorosa dupla e eu ficava tenso nas cenas de vampirismo e o autor, como sempre descritivo, me botava aflito.
O modo como o livro é estruturado podo parecer repetitivo com suas cenas de fuga, mas o leitor acaba sendo rodeado por esse universo emocionante, seduzindo-o para a ação, mostrando que o livro é realmente imersivo.



O tradutor de "Sonho Febril" foi ótimo de fazer seu trabalho. Luis Reyes Gil fez uma ótima escolha nas palavras honrando a escrita gótica de Martin nesse livro. Luis traduz para LeYa, Planeta, Ediouro e Companhia das Letras, mas muito mais, e traduziu livros de, além de George R. R. Martin, de Eduardo Mendoza e David Peace.

O terror nesse livro é bem efetivo e o final dessa história é brilhante.
"Sonho Febril", além de terror, é uma história de sonhos. Sonhos do Abner Marsh, sonhos do Joshua York, sonhos sádicos de Damon Julian e sonhos de Sour Billy Tipton. Achei um livro brilhante que fala de sonhos, de terror e de poesia. Espero que amem.
Até segunda!

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