terça-feira, 19 de julho de 2016

Que a voz da igualdade seja sempre a nossa voz

Todos nós temos uma segunda natureza que às vezes permanece oculta. - Tolentino

Pela citação, já viram  o tema? Senão vamos lá.
Eu achei que não ia falar sobre o mesmo tema duas semanas seguidas, mas, enfim, o mundo não muda em uma semana e um dia, não é mesmo?
Essa semana, mais precisamente, terça-feira, ocorreu a primeira cena de sexo gay da TV brasileira. Claro que a internet entrou em rebuliço, deu uma explodida de leve. A novela era Liberdade Liberdade e título é tão explícito que não entendi a indignação alheia.
Liberdade Liberdade é uma novela que se passa no final do séc. XVIII e início do séc. XIX, uns anos depois da Inconfidência Mineira. O principal plot da novela é a liberdade, sem restrições a quem seja, logo uma cena desse tipo não deveria ser rejeitada por quem assiste, até porque quem assiste assiduamente percebeu a construção ou desconstrução dos personagens que participaram da cena.
Depois de fazer esse textão de Facebook reconheço, podemos falar com leveza sobre o tema do jeito da semana passada, , só que agora vou falar se série e qual o nível de desconstrução foi gerado em mim, Já que não estamos aqui pra reforçar esteriótipos, vamos falar de quem é empoderado.

1 - Nolan Ross, Revenge

Foi, mais ou menos, a primeira série que eu vi e o Nolan foi o primeiro personagem LGBT que não era estereotipado demais.
Não é o braço direito de Ems, excêntrico ao seu modo, mega inteligente e dono da grande empresa de computação, a NoCorp, além de ser bissexual. Nunca me esqueço do modelito dele da festa Gelo e Fogo, o blazer vermelho e a roupa toda branca. Foram 4 temporadas amando esse personagem, que fazia parte do alívio cômico também, mas não em relação à sua orientação sexual.

2 - Connor Walsh, How to Get  Away with Murder

Nessa semana também, uma cena de Connor e Oliver (a primeira cena, eu acho) foi censurada na Itália. Acho que a família tradicional italiana é pior que a brasileira...
Connor é ambicioso, inicialmente inescrupuloso, inteligente e altamente sedutor, mas ele não é pro bico das meninas que estão subindo pelas paredes. Connor consegue entrar para o time da Annalise, o Keating 5, e ser o primeiro a conquistar o troféu tão cobiçado.
Entre os Keating 5, é o que tem um dos melhores arcos narrativos, que guarda uma mudança de comportamento magistral melhor desconstrução.

3 - Anquelique, Penny Dreadfull

Apesar de só participar da segunda temporada de Penny Dreadful, Angelique foi a personagem que me fez olhar diferente para trans e travestis.

É possível analisar ao longo da temporada que ela não é só um casinho em toda a excentricidade de Dorian Gray. Pelo contrário, a excentricidade de Dorian faz elevar a personagem a uma pessoa que quer mostrar quem é de fato a toda a Inglaterra Vitoriana. O nível de "destabulização" do imortal complementa a sensação de liberdade de Angelique.
Já defendi Angelique em rodas de conversa, então não tenho mais o que falar.

4 - Sensates, Sense8

Lito, Nomi, Hernando e Amanita são personagens que vieram para dar um tapa na cara da sociedade. Eu ia primeiramente falar só da Nomi, mas, se alguém quiser ler sobre ela, eu fiz um post no Dia Internacional das Mulheres e ela está na lista.

Lito e Nomi foram os que mais mostraram amor em seu sentido mais amplo e foram os personagens LGBT mais livres no sentido televisivo da coisa. Tudo que eles faziam era muito natural, já que o tema de Sense8 é primordialmente o autoconhecimento.
O Hernando e a Amanita estão ali citados porque, apesar de não serem sensates, eles eram essenciais para a trama e são os únicos namorados da série. Os héteros da série não têm relacionamento com ninguém, enquanto os gays apresentam uma história amorosa consistente de pessoas que vivem juntos há um bom tempo.
Sense8 é uma das primeiras séries da minha vida que invertem essa lógica amorosa e familiar moldado por casais de sexos diferentes, apesar de rolar um Will e Riley, um Wolfgang e Kala.

A lista infelizmente só tem 4 itens, já que eu resolvi burlar a regra, mas eu fico feliz de poder mostrar que não existe só aqueles gays das novelas como o Max, de Totalmente Demais, ou o Téo Pereira, de Império.
Viva a igualdade. Até segunda!

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